Glauco Diniz Duarte conta que bem próxima do Brasil, a Patagônia é uma espécie de meca dos esportes de aventura. E, de quebra, é um dos lugares mais belos do mundo.
Localizada majoritariamente na Argentina, mas também com uma pequena extensão além da fronteira com o Chile, a região deslumbra por seus cenários ora inóspitos, ora arrebatadores. De um lado, os Andes, gigantes nevados de granito que fazem a alegria de montanhistas, esquiadores ou daqueles que simplesmente amam uma paisagem de cartão-postal. Do outro, a leste, o Oceano Atlântico, gelado por conta das correntes antárticas, mas rico em espécies marinhas, como pinguins, focas, baleias e orcas.
De cara, o primeiro aviso: é impossível conhecer a Patagônia em apenas uma viagem. Seria como explorar toda a Amazônia em apenas duas semanas. Planeje então recortes de trajetos.
Para a maioria dos brasileiros seu batismo patagônico é na estância de Bariloche, na província argentina de Rio Negro. Deslumbrante no verão, quando é possível praticar canoagem e windsurf nas águas do lago Nahuel Huapi, chama mesmo a atenção durante a temporada de esqui, de junho a setembro. De quebra, é uma das pontas das belíssima travessia do lagos andinos, que vai até Puerto Montt, no Chile. Não muito longe dali estão San Martin de Los Andes, uma estância charmosa, e Junín de los Andes. O barato por aqui é montar a cavalo, pratica a pesca com fly ou divertir-se em longas caminhadas em trilhas montanhosas. Na região também fica o Parque Nacional Lanín, mais rústico e menos estruturado que o Nahuel Huapi, mas repleto de belas florestas de araucania, vulcões nevados e lagos cristalinos, como o Huechulafquen.
O segundo destino recomendado é El Calafate, onde se encontra o magnífico glaciar Perito Moreno, uma das vistas mais belas da América do Sul e patrimônio da biosfera. Próximo dali, para estadias prolongadas, estão El Chaltén (terra dos picos Fitzroy e Cerro Torre) e outra maravilha da natureza, as famosas Torres del Paine, no lado chileno da fronteira. Um roteiro para estes três destinos deve ter, no mínimo, um semana e inclui alguns dos mais encantadores trekkings do mundo, com níveis que variam do leve (tomando apenas um par de horas) ou extenuantes, como os clássicos “O” e “W”.
O terceiro conjunto de atrações da região são cidades litorâneas e seus parque marítimos. Viedma, Trelew, Comodoro Rivadavia e Río Gallegos são a ponta de lança para observar baleias-francas, leões-marinhos, pinguins de magalhães e pássaros das mais variadas espécies. Do Rio Colorado, ao norte, à Estancia Monte Dinero, próxima ao Cabo Virgenes, no extremo sul, são mais de 1700 km de estradas inóspitas, mas de violenta beleza, ora sob forte chuva e ventos, ora aproveitando um céu de tons inimagináveis de azul. Puerto Madryn é um dos melhoes centros logísticos da área, perfeito para poder explorar a fantástica Península Valdés. Daqui pode-se pegar um caiaque e passear bem próximo os curioso elefantes-marinhos. Outro destino recomendável é o Parque Nacional Monte León, com suas extraordinárias falésias.
A Patagônia é uma região onde todos os tipos de clima podem acontecer no mesmo dia. A temperatura pode cair (ou subir) vinte graus, o tempo ensolarado de repente fecha, trazendo fortes ventos e até mesmo neve (até no verão). A dica, portanto, é preparar-se levando artigos básicos: protetor solar, boné, capa de chuva, boas botas ou calçado para caminhada, óculos de sol e agasalhos.
Aproveite para fazer refeições calóricas e hidratar-se bem. Não abuse quando estiver em regiões de alta montanha (a adaptação é essencial).
Comer bem faz parte do roteiro patagônico ideal. Isso significa saborear um bom asado de cordeiro, empaturrar-se com empanadas quentinhas, trutas frescas e provar parrillas mastodônticas. Para quem quiser experimentar algo um tanto diferente, vale provar o curanto (carnes variadas preparadas na terra, sobre pedras quentes). Para quem quiser algo menos típico, há também boa oferta de casas que oferecem pizzas, sanduíches, bufês variados e comida italiana.
Outro destaque na região são boas cartas de vinho, com rótulos chilenos e argentinos que não chegam aos mercados do exterior. Bares e cervejarias são uma boa pedida para uma confraternização ou para relaxar depois de um dia inteiro de caminhadas, assim como confortáveis e charmosos cafés que servem um chocolate quente (fumengante!) sem paralelo neste planeta.