GLAUCO DINIZ DUARTE – Crédito para construção e reforma de imóveis cresce quase cinco vezes no Amazonas

O financiamento para construção e reforma de moradias cresceu 460% no primeiro bimestre no Amazonas, enquanto os empréstimos para a compra evoluíram 89,9%. O volume totaliza R$ 129,4 milhões.

No caso dos financiamentos para construção e reforma houve a influência do fraco resultado obtido em 2012, considerado abaixo da média.

Os dados do Banco Central (BC) mostram que no primeiro bimestre do ano passado foram concedidos R$ 3,9 milhões em financiamentos para esta finalidade. Este ano o valor já chega a R$ 22 milhões, sendo que, só em fevereiro, foram liberados R$ 19,2 milhões em financiamentos.

Para representantes dos segmentos de imóveis e materiais de construção, o resultado é um reflexo distorcido causado pelo baixo desempenho de 2012, aliado a volta do crédito ao mercado.

De acordo com dados do BC, entre janeiro e fevereiro do ano passado foram concedidos R$ 56,5 milhões em financiamentos para aquisição de imóveis, oferecidos por meio de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No mesmo período deste ano, este valor chegou a R$ 107,4 milhões.

Segundo a membro da diretoria do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado do Amazonas (Sindimóveis/AM), Jane Farias, a entrega de novos empreendimentos no período, somada com a maior oferta de crédito, possibilitou que muitas famílias realizassem o sonho da casa própria.

“Muitos empreendimentos estão sendo entregues neste início de 2013 e é mais fácil financiar estes imóveis, pois eles possuem toda a documentação em dia. Além disso, está havendo também uma facilitação dos agentes financeiros quanto ao valor disponibilizado para este tipo de financiamento”, afirma.

Recuperação

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Louças, Tintas, Ferragens, Material Elétrico e de Construção (Simacon), Aderson Frota, os resultados do ano passado foram muito abaixo do esperado.

Com isso, o resultado deste bimestre mostra apenas uma recuperação do mercado, e não um crescimento do setor. “As chuvas do ano passado e o alto índice de inadimplência, que fez com que os bancos reduzissem a oferta de crédito, tiveram uma grande influência nas vendas do segmento.

À medida que o consumidor voltou a ficar positivo, o acesso ao crédito foi retornando ao patamar normal. Então, não podemos considerar este crescimento como se fosse um fato excepcional, na verdade, a demanda estava reprimida e agora está voltando a números mais sensíveis”, disse.

A saída da situação de inadimplência também foi registrada pelo BC. Enquanto que no primeiro bimestre do ano passado 4,82% dos consumidores de financiamentos imobiliários estavam inadimplentes há mais de três meses, nos dois primeiros meses deste ano, esta parcela caiu para 4,14%.

Tipo de financiamento

O BC considera para este levantamento os financiamentos concedidos para imóveis residenciais e comerciais, oferecidos por meio de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

Esta linha de crédito permite o parcelamento de imóvel residencial em até 30 anos, onde até 90% do valor total pode ser financiado com taxas de juros pós-fixadas. No caso de o investidor optar pelas taxas pré-fixadas, é possível financiar 70% do valor do imóvel.

O financiamento por carta de crédito SBPE utiliza o Sistema de Amortização Constante (SAC), em que cada parcela é embutida nos juros e amortização, fazendo com que as últimas prestações sejam menores. Além disso, o valor de cada parcela não pode comprometer mais do que 30% da renda familiar do investidor.

Déficit soma 100 mil no Amazonas

De acordo com números do Ministério das Cidades, que toma como base os dados da Pesquisa Nacional por Domicílios (PNAD) de 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o déficit habitacional no Estado é de 110 mil moradias, sendo 60% deste total concentrado em Manaus.

Segundo informou a assessoria de comunicação da Superintendência Estadual de Habitação (Suhab), nos últimos nove anos este déficit foi reduzido em 30%, com a construção e entrega pelo governo do Amazonas de 19 conjuntos, com 35 mil unidades habitacionais. Estão em execução ainda outros 14 conjuntos, com mil unidades cada, sendo algumas delas do programa Minha Casa, Minha Vida, destinadas a famílias com renda até R$ 1.600.

Sobre o programa, a assessoria afirmou ainda, por meio de nota, que “as unidades só começaram a ser entregues em 2012, com o Residencial Viver Melhor – 3.511 moradias. Temos previsto mais três projetos com aproximadamente 10 mil habitações a serem entregues nos próximos dois anos”.

De acordo com pesquisa de 2012, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FVG), o Amazonas possui o maior déficit habitacional do Brasil. Enquanto o índice nacional é de 9,3%, a falta de moradia no Estado chega ao índice de 25,4%.

Segundo dados do último censo, de 2010, 78,78% dos imóveis do Estado são próprios, quitados ou em quitação, 14,66% são alugados e o restante corresponde a imóveis cedidos. Os dados, no entanto, consideram apenas as famílias que possuem algum tipo de moradia com banheiro e esgotamento sanitário.