Glauco Diniz Duarte conta que cada curvinha perdida das estradas da Toscana reserva um deleite único, ora por uma igrejinha milenar esquecida, ora pela luz da tarde pincelando os campos de girassóis e vinhedos. E, quando esse cenário encantado já parece ser o suficiente, eis que surge Florença, a cidade responsável – juntamente com Roma e Veneza – pelo status de “terra de sonhos” da Itália. Desenvolvida às margens do Rio Arno, sobre o qual ainda perseveram sensacionais pontes ancestrais, a cidade de mais de 2 mil anos teve seu auge no Renascimento.
Tal momento histórico contribuiu não apenas para a beleza dos casarões, com suas cúpulas ornamentadas, mas também para que ali se reunisse, ao longo dos séculos seguintes, uma grossa fatia da melhor arte já produzida em território italiano. Estima-se que aproximadamente 40% do acervo artístico do país estão nos museus e nas ruas de Florença. Duas das galerias mais concorridas do mundo, Uffizi e Accademia, estão aqui, apresentando aos visitantes perplexos as melhores travessuras de Michelangelo, Botticelli e outros gênios. Mas quem não encara uma fila por muito tempo não perderá a viagem se quiser só zanzar pelas ruas, pontes e esquinas da cidade, sempre prontas para revelar uma nova-velha surpresa.
Dedique ao menos dois dias para conhecer Florença. No primeiro dia, explore o Duomo e o Batistério, visite a Accademia, tome um café na Piazza della Signoria e caminhe pela Ponte Vecchio. No segundo, chegue bem cedo para conhecer a Galleria degli Uffizi, reservando ao menos 3 horas para conhecer suas obras de arte. O Bargello, o Museu da Ópera, o Palácio Pitti e a Capela dos Médici em San Lorenzo são algumas das muitas opções para visitar durante a tarde. Ou simplesmente, perca-se pelas ruas da cidade ou dê um jeito de ficar mais tempo por aqui.
Definitivamente a melhor opção é conhecer Florença a pé. Boa parte do Centro é plano e as principais atrações, opções de refeições e hospedagens encontram-se por ali. Poucas quadras separam o Duomo da Piazza da Signoria e esta da Accademia.
A oferta de quartos concentra-se dentro do Centro Histórico. Como em boa parte da Itália, há desde simples estabelecimentos familiares — excelentes para conhecer a cultura local e a boa mesa — a hotéis-butique, repletos de móveis de design, objetos de arte e, vez por outra, restaurantes com toques contemporâneos. Há alguns bons hotéis que valem pela relação entre custo e benefício no entorno da estação ferroviária de Santa Maria Novella. Muitas vezes os banheiros são compartilhados, mas as amplas e confortáveis camas e o café da manhã farto compensam.
Junto ao rio Arno encontram-se alguns dos melhores hotéis de Florença. O serviço é impecável, a decoração de muito bom gosto e a vista, deslumbrante.
Não há como comer mal na Toscana. Ingredientes finos e frescos vindos de toda a região (e também das vizinhas do norte Vêneto e Emilia-Romagna) abastecem as despensas e alimentam os fogões das boas casas de Florença. Alguns restaurantes agradam bem os turistas estrangeiros, oferecendo práticos menus com entrada, prato principal, vinho da casa e café (de vez em quando, uma boa sobremesa também está inclusa). Os preços são atraentes, as opções muito boas e o preparo correto.
Algumas especialidades locais incluem a bistecca alla fiorentina — um mastodôntico corte de carne, grelhado ou assado, o crostini alla Toscana (uma torrada com fígado de galinha) e zuccotto, um delicioso bolo recheado de amêndoas. Isso sem falar nos ótimos vinhos da região, como o Vernacciia di San Gimignano, Vino Nobile de Montepulciano, o Brunello de Montalcino e o Chianti Classico.
Florença tem tanta arte, cultura e história que, de vez em quando, a melhor forma de conhecer a cidade é através de passeios a pé. Bem humorados e ricos em detalhes, estes walking tours estão entre os melhores investimentos para conhecer alguns detalhes curiosos da joia renascentista. Um dos melhores são os grupos organizados pela Art Viva (www.italy.artviva.com).
A cidade é ótima também para ser uma base de exploração da região da Toscana. Em um dia, você pode conhecer Pisa e Lucca. Com um pouco mais de tempo, não deixe de ir a Siena e San Gimignano, ou mesmo aos vinhedos de Chianti ou Montepulciano.