Glauco Diniz Duarte Viagens – qual energia não é renovavel
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o consumo de energia não renovável cresceu 6,6 pontos percentuais no Brasil entre 1992 e 2002. A maior demanda de gás natural para uso em termelétricas e plantas industriais, e a redução da procura de algumas fontes renováveis (como a lenha) elevaram a participação das fontes não renováveis na matriz energética do país de 52,4% para 59% no mesmo período.
Entre as fontes de energia, o consumo de gás natural foi o que mais cresceu. No período, a participação desse combustível mais do que dobrou, passando de 3,2% para 7,5%. Enquanto isso, os derivados de petróleo subiram de 41,7% para 43,1%, o consumo de carvão mineral caiu de 7,3% para 6,6% e a energia nuclear (representada pela demanda por urânio) avançou de 0,2% para 1,9% da matriz energética. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (4/11) no relatório Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Mesmo sendo uma fonte não renovável, o crescimento do gás natural é um dado positivo, porque a outra alternativa para as mesmas aplicações em termelétricas e indústrias é o diesel, muito mais poluente”, afirma Flavio Pinto Bolliger, da diretoria de Geociências do IBGE.
Diversificação
Bolliger também destaca que a expansão do gás natural reflete um processo mais amplo de diversificação das fontes energéticas do Brasil. “A evolução de nossa matriz energética é muito positiva, porque mostra a diversificação que vem sendo feita”, diz. Outro exemplo é o álcool, cujo peso no mercado brasileiro baixou de 13,9%, em 1992, para 10,9%, em 2000 e, desde então, está crescendo de novo. A participação do combustível fechou 2002 em 12,6%.
Outras fontes renováveis devem aumentar ainda mais as opções energéticas do Brasil nos próximos anos, segundo Bolliger. É o caso do biodiesel, combustível à base de óleos vegetais. “A agricultura brasileira é muito forte e oferece várias opções para o biodiesel, como a soja e a mamona”, diz o pesquisador.
Energia renovável
A queda do consumo de lenha e carvão vegetal foi o que mais pressionou a redução do peso das fontes renováveis. Na média, a participação desses combustíveis baixou 6,6 pontos percentuais entre 1992 e 2002, de 47,6% para 41%. A maior parte desse recuo (5,3 pontos percentuais) pode ser atribuído à lenha e ao carvão vegetal, cuja participação baixou de 17,2% para 11,9% no mesmo período.
Segundo Bolliger, essa queda não é negativa, pois boa parte da madeira usada para lenha é retirada de matas nativas e quem as extrai não se preocupa com a sustentabilidade das matas. Por isso, o consumo está caindo pelo maior combate do governo à extração ilegal de lenha, pela busca de fontes alternativas de energia e pela maior consciência ambiental de alguns grupos. “A redução do consumo de lenha é positiva”, diz o pesquisador.
A energia hidrelétrica sofreu ligeira perda de participação na matriz energética no período analisado, passando de 14,6% para 14%. Já outras fontes renováveis (como energia solar) ampliaram o peso de 1,9% para 2,5%. “Do ponto de vista estratégico, a posição do país é sustentável, porque conta com boa variedade de fontes de energia”, afirma Bolliger. Essa diversidade garante maior segurança ao país em caso de crises mundiais de energia, como a do petróleo.