GLAUCO DINIZ DUARTE – Quebra de contrato com construtoras cresce e 50 mil imóveis são devolvidos
A desaceleração da economia no ano passado foi vista também no setor imobiliário. Nos dados acumulados do ano, houve aumento dos distratos que é quando o comprador desiste do imóvel na planta após já ter assinado o contrato. Em termos absolutos, 49.955 imóveis foram devolvidos para as construtoras por consumidores que abriram mão do negócio, de acordo com um estudo da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) feito em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Na comparação com 2014, houve um aumento de 10,7% nos distratos, ou seja, foram devolvidas 45.126 unidades para as construtoras em 2014. O economista Eduardo Zylberstajn, da Fipe, afirma que, se forem analisados os distratos por safra de lançamento em cada ano, a proporção distratada caiu de 4,4% no acumulado de 2014 para 2,9% nos 12 meses de 2015.
De acordo com o diretor de comunicação da Abrainc, Luiz Fernando Moura, essa diferença entre o distrato absoluto e o relativo acontece porque o ciclo do mercado imobiliário é longo, e uma parte dos imóveis que estão sendo devolvidos agora, foi comprada entre 2012 e 2013.
— Agora, os distratos estão diminuindo por diversos fatores, entre eles a melhor análise de crédito do potencial comprador, a redução do comprador investidor que buscava a valorização do imóvel a patamares insustentáveis e a maior maturidade dos compradores, que entendem que o imóvel é um ativo sólido, mas sem a curva de valorização que já teve.
Quedas
Além do resultado ruim dos distratos, 2015 teve desempenho negativo nos lançamentos, nas vendas e nas entregas dos imóveis. De acordo com os dados da Abrainc/Fipe, foram lançadas 60.274 unidades no ano passado, 19,3% menos do que em 2014.
Já as vendas tiveram uma queda de 15,1% entre um ano e outro. Foram comercializados 108.906 imóveis em 2015. E as entregas tiveram o maior percentual de queda: -25,3%. Foram entregues 126.804 unidades aos compradores em 2015.
Com isso, o estoque de imóveis subiu para 109.398 unidades em dezembro do ano passado. Se fosse mantido o ritmo do mercado dos últimos três meses de 2015, seriam necessários 14,4 meses para vender esse estoque inteiro.
O vice-presidente executivo da Abrainc, Renato Ventura, afirma que o mercado já deveria estar melhorando o volume de lançamentos, mas o nível atual é resultado da falta de confiança.
— Os lançamentos devem continuar reduzidos, porque há custos e restrições na produção. Ninguém vai fazer lançamento se não conseguir, pelo menos, repor os custos. Não vai ter lançamento para perder dinheiro.