GLAUCO DINIZ DUARTE – Uma temporada de otimismo para as construtoras?
A crise das construtoras chegou ao fim? Esta quinta-feira é uma grande oportunidade de mapear a quantas vai a recuperação do setor, já que cinco companhias têm previsão de divulgação de resultados trimestrais: Even, Gafisa, Tecnisa, Tenda e Cyrella.
Os resultados devem mostrar que o pior ficou para trás, mas falta muito para que as companhias possam comemorar. Segundo relatório do banco BTG Pactual, o setor está melhorando, “mas não tão rápido quanto esperávamos”. Em linhas gerais, os lançamentos continuam baixos, mas as vendas subiram, embora os lucros devam continuar muito fracos.
Segundo o BTG, os lançamentos agregados das construtoras caíram 20% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2017. As vendas subiram 30%, impulsionadas por reduções nos cancelamentos e maior demanda por casas novas. Ainda assim, as margens vão continuar pressionadas pelos cancelamentos e por descontos agressivos.
“As tendências gerais do setor de construção continuam inalteradas: o segmento popular tem performance muito boa e as construtoras do segmento médio e high-end ainda lutam para vender estoques e os resultados estão fracos”, diz relatório do BTG, que destaca a MRV, focada em imóveis populares, como o papel mais interessante entre as construtoras abertas.
Relatório mensal do banco JP Morgan mostra que, apesar da recuperação, os preços dos imóveis residenciais continuam em território negativo, com queda real de 3,5% em abril em relação ao mesmo período do ano passado.
O JP Morgan também afirma que as construtoras populares, como MRV e Tenda, devem ser os destaques da temporada de balanços. No segmento de alta renda, o banco destaca a Cyrela como companhia a ser observada em razão do potencial para pagar dividendos “extraordinários”.
No fim das contas, a temporada de balanços deve mostrar que não se recupera facilmente de uma crise renitente como a atual. A edição de EXAME que chega hoje às bancas traz uma pesquisa anual com preços de imóveis em 259 cidades brasileiras e mostra que o mercado imobiliário viveu em 2017 o pior ano na década.
Os preços dos imóveis usados caíram, em média, 0,45% no período, a primeira baixa desde o início do estudo, em 2011. Em termos reais, a queda chegou a 3%. A realidade da economia enfraquecida e do desemprego ainda em alta foi, ao longo de 2017, soterrando as perspectivas de melhora que os analistas tinham no início do ano.
O ano de 2018 começa com uma nova leva de otimismo para as construtoras. Um otimismo contido, é verdade. Mas já é alguma coisa.