Glauco Diniz Duarte diz que o Chile é surpreendente. Quem nunca foi lá, chega e fica tão bem impressionado, e aproveita tanto, que já parte pensando em voltar. No país, se respira um clima de desenvolvimento econômico e social de forma tão intensa, e tão constante, que a gente nem parece estar na conturbada América do Sul, com tantos vizinhos problemáticos.
Sem exagero: o progresso chileno é tão visível, até escancarado, que o povo parece estar nadando em dinheiro, num clima de economia estável, segurança pública, emprego e sistema educacional primoroso. Quem, entre seus vizinhos, tem índice de 94% de alfabetização de adultos?
As paisagens chilenas são deslumbrantes. Durante o inverno os centros de esqui de Valle Nevado, Farellones- El Colorado, Portillo e La Parva são diversão garantida em meio a muita neve. Agora, no verão, são concorridos destinos de lazer. A rigor, a estação de turismo é o ano inteiro, depende do gosto do visitante.
Aquela imagem branca da Virgem Maria no alto do Cerro Santa Lucia, com belas vistas até onde os olhos alcançam, parece dizer que o Chile está nos chamando, de braços abertos. Vale a pena – claro que vale!
Costanera center domina a bela paisagem
Fazendo um maravilhoso contraste – em aço e vidro em tom cinza – com a imensidão da Cordilheira dos Andes, com altitude média de 3,5 mil metros, o Costanera Center se tornou o novo cartão postal de Santiago, desde sua abertura em 2012. Com 64 andares, é o prédio mais alto da América do Sul e um marco arquitetônico do Hemisfério Sul. Visto de qualquer ângulo, suas linhas são impressionantes. O espantoso desenvolvimento, principalmente na última década, transformou a capital chilena em referência arquitetônica. Mais de 200 prédios em estilo moderno, e todos acima de 25 ou 30 andares, foram construídos nos distritos de Las Condes e Vitacura, alargando os limites da cidade.
As grifes mais famosas do mundo estão presentes em Alto Las Condes, Shopping Parque Arauco, Costanera Center, Mall Sport, Portal La Dehesa e Casa Costanera. O refinamento dessas lojas nos transporta a Nova York, Londres ou Paris.
A cidade é atendida por cinco linhas de metrô, e uma sexta está em final de construção. Haverá sempre uma estação perto desses shoppings e dos hotéis. O metrô é moderno, limpo, bem organizado e eficiente. As principais conexões são feitas nas estações de Baquedano, Los Leones e Los Héroes. A pioneira linha 1 continua sendo a mais importante do sistema, porque liga as partes mais altas (Los Dominicos e Hernando de Magallanes), correndo ao longo da Av. Apoquindo e Av. Providencia em direção ao centro histórico, atendendo a toda a extensão da Alameda (Av. Libertador Bernardo O’Higgins).
Pode-se descer do metrô junto ao Palácio de La Moneda, Universidade do Chile, Universidade Católica, Igreja de São Francisco, Plaza de Armas, Catedral Metropolitana e Mercado Central (estação Cal y Canto). A estação Tobalaba tem uma moderna passarela de vidro e aço com ligação direta ao Costanera Center, cujos seis primeiros andares são ocupados por um gigantesco shopping, aberto diariamente de 10h às 21h, com mais de 300 lojas e restaurantes.
Hotéis de luxo e fina gastronomia
Alguns dos premiados restaurantes de Santiago estão dentro de hotéis, o que os transformam em referências tanto para acomodações de luxo como de gastronomia. Anote alguns nomes: restaurantes Anakena e Senso, no Hotel Grand Hyatt; Latin Grill e Café Med, no Hotel Marriott; Bravo, no Hotel Atton; Ré, no Plaza del Bosque (Nueva Las Condes); e Catae, no Renaissance Santiago.
Além de suas 350 lojas, o shopping Parque Arauco oferece gastronomia de luxo fora de sua praça de alimentação. Come-se muito bem no Emporio Armani Café, SantaBrasa, Carlo Cocina, La Perla del Pacífico, Madam Tusan, Trattoria Rita’s e Tony Roma’s.
Entre os destaques gastronômicos do Costanera Center estão o La Cav, El Mundo del Vino, Crepes & Waffles, Costamia, Tanta, Madam Tusan, Santa Brasa e Farinale Due Torri. Há anos, o bairro Providencia é considerado o point da gastronomia de Santiago. E continua merecendo este destaque através de restaurantes como La Superior, Le Bisot, Astrid y Gaston, Plaza del Sol, Rivoli, Baco, Del Cocinero, Liguria e La Biferia.
Há, ainda, o restaurante Giratório, no 16º andar do moderno prédio na Av. Nueva Providencia 2.250. Antigamente, tudo se concentrava na Calle Secia e arredores. Agora, as opções se misturam na Plaza del Sol. Nueva León, Los Conquistadores, Santa Magdalena e Pedro de Valdivia (onde estão o Del Cocinero Bistro e La Biferia).
Entre os destaques da rede hoteleira da cidade, além dos veteranos Marriott, Sheraton Santiago, Plaza San Francisco, San Cristóbal Tower e Grand Hyatt, há novas referências como InterContinental, Renaissance, Crowne Plaza, The Ritz-Carlton, Four Points by Sheraton, W Hotel, Doubletree by Hilton, os dois Atton (Las Condes e El Bosque), além de hotéis-boutique como La Rêve, Castillo Rojo e The Aubrey.
As principais redes estão presentes na capital chilena com hotéis da Accor (Mercure, Ibis e Novotel), NH Hoteles, Best Western, Holiday Inn Express, Radisson etc. Por experiência própria, indico o Santiago Park Plaza, próximo da estação Los Leones, com diária a US$ 140, e ótimo café da manhã, excelente serviço e vista para o Costanera Center ou Cordilheira. Tem piscina aquecida coberta com teto de vidro no 13º andar.
Apenas um alerta: cuidado ao alugar flats em Santiago, principalmente no bairro Providencia, ao custo médio de US$ 95 ao dia, baseados apenas em informações na internet. Podem se dar mal.
Descobrindo o Chile
Com população de 18 milhões, e crescimento demográfico de apenas 1,6% ao ano, o Chile ocupa uma área de 756,6 mil km2. Santiago e sua área metropolitana têm um terço da população do país. Da fronteira com o Peru, ao norte, até o extremo sul, na Patagônia, o país tem uma extensão de 4 mil quilômetros – espremido entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes. Na fronteira do Chile com Argentina a leste, está o ponto mais alto da América do Sul, o Pico Aconcágua – 6.959 metros.
As principais cidades chilenas ao norte são Arica, Iquique, La Serena, Arequipa, Tacna, Tocopilla, Baquedano e Antofagasta. Santiago, mais ao centro, fica próxima de Valparaíso e Viña del Mar, com acesso pelo Vale do Curacavi, cheio de vinhedos. Na direção sul estão Concepción, Temuco, Rancágua, Chillán, Valdivia, Osorno, Puerto Montt, Puerto Varas, Puerto Natales e Punta Arenas.
De Valparaíso partem os navios de cruzeiros durante a temporada de verão (dezembro a março) em direção à Argentina, com viagens de 14 noites, atravessando o histórico Estreito de Magalhães e passando pelos Fiordes Chilenos, região de grande beleza.
A economia chilena depende muito das exportações de cobre e minérios, extraídos na região do deserto de Atacama. Além da exportação de vinhos para todos os mercados, começando pelo Brasil, o comércio do Chile envolve também pesca de côngrio e salmão, e frutas variadas, como uvas, laranjas e pêssegos. O Pisco é outro produto nacional de exportação, produzido com uvas aromáticas e moscatel da região do Atacama e Coquimbo. Nos supermercados de Santiago, o custo médio de uma garrafa de 750ml é inferior a US$ 5. Principais marcas: Pisco Alto del Carmen, Monte Fraille (Elqui Valley), Campanario e Artesanos de Cochiguaz.
Na rota dos vinhos chilenos
Os consumidores brasileiros são capazes de recitar os principais rótulos de vinhos chilenos: Concha y Toro, Santa Helena, Santa Carolina, Undurraga, Veramonte, Doña Dominga, Santa Rita e Cousinõ Macul. Estas são as mais conhecidas, porém há outras, muito mais famosas e mais caras.
Melhor contar primeiro onde encontrá-las em Santiago: La Vinoteca (Av. Nueva Costanera, 3.955) e Vitacura (lavinoteca. cl). Em três andares, há 1,3 mil marcas e sessões de degustação, além de piscos nacionais e importados, vinhos estrangeiros, queijos, embutidos, cervejas e champanhes. O CAV (Clube dos Amantes do Vinho), especializado em vinhos nobres (cav.cl), possui endereços no Costanera Center e Mirador del Alto, em Alto Las Condes.
Os ícones da produção chilena acabam não chegando ao Brasil. Alguns desses vinhos custam acima de US$ 260 a garrafa. Um Cabernet Sauvignon 2013 (Maipo) da Viñedo Chadwick custa US$ 320. Entre eles, figuram, ainda, o Santa Rita Casa Real Cabernet Sauvignon 2011, Pérez Cruz Quelén (Maipo), Montes Alpha (Colchágua) e o Errázuriz Don Maximiano (Aconcágua). Na seleção dos melhores vinhos chilenos estão marcas praticamente desconhecidas dos brasileiros: Lapostolle, Loma Larga, Vistamar, Maycas del Limari, Aquitania Lázuli, Garcés Sllva Amayna, Gilmore Vigno, Moorandé Vigno etc.
Nas cartas de vinhos dos hotéis de Santiago é possível encontrar alguns que não aparecem por aqui, como os da Viña Indomita, In Situ, Amayna, El Principal etc. No Santiago Park Plaza, experimentei um ótimo tinto Santa Ema – tão bom que repeti.