Glauco Diniz Duarte Viagens – porque a energia solar ainda é pouco utilizada
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, apesar de ainda ser uma fonte de energia pouco usada no país, seu crescimento nos últimos anos aponta para um futuro promissor, com queda de custos e melhoria nos serviços. E adotar o sistema em casas, prédios e empresas está cada vez mais simples.
A energia solar fotovoltaica, produzida por painéis que captam a luz do sol, corresponde hoje a 0,8% da matriz energética brasileira. Apesar disso, seu crescimento é o mais rápido no país e no mundo entre as fontes de energia renováveis. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Ronaldo Koloszuk, a previsão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do governo federal é de que em 2030 ela chegue aos 10%. “Isso porque o governo costuma ser conservador. Deve ser mais que isso”, comenta.
Outros dados, como os da Bloomberg News Energy Finance, reforçam a tese de Koloszuk e são bem mais otimistas. “Em 2040 a Bloomberg diz que a energia solar fotovoltaica no Brasil será 32% (da matriz energética). E diz que vai ultrapassar a fonte hídrica, que será 29%”, comenta.
O crescimento só não é maior porque enfrenta uma barreira: a desinformação. O mito de que o investimento é caro e demora para ser pago ainda cerca a energia solar. Hoje, quem fizer a instalação tem retorno entre três e sete anos. “A principal vantagem é econômica. Os equipamentos têm garantia de 25 anos, mas há casa na Europa onde eles chegam a durar 35 anos”, exemplifica Koloszuk. E há ainda uma grande vantagem ambiental, por se tratar de uma energia limpa e silenciosa.
Quero instalar, o que fazer?
Aderir a produção de energia solar não é difícil, mas o processo exige o cumprimento de uma série de regras, como explica o engenheiro especializado em Gestão Ambiental e sócio-gerente da Solarize, especializada em serviços de tecnologia ambiental e cursos sobre energia solar, Mauro Lerer. “Primeiro é feito um estudo, um projeto para avaliar o benefício que aquela casa, um comércio, ou indústria, terá”, explica.
Feito esse levantamento por uma ou mais empresas que trabalhem com instalação de painéis fotovoltaicos, é dada a entrada na solicitação na concessionária de energia para garantir acesso à rede. Lerer aponta que em sistemas de até 75kw de potência, que é bem mais do que o suficiente para uma casa, as concessionárias não podem cobrar isso e costumam liberar com facilidade.
Após a aprovação, é feita a instalação física dos módulos fotovoltaicos, da proteção elétrica e do inversor de conexão com a rede, que passam por vistoria da concessionária. A partir desse aval, técnicos trocam o relógio de consumo para um bidirecional. Isso é necessário porque a energia produzida na edificação será jogada para a rede comum e depois voltará para abastecê-la. Daí é só começar a usar.
Muita gente imagina que a instalação de painéis solares fará com que as contas de luz acabem – só que normalmente não ocorre assim. Um dos motivos é financeiro, pois as baterias para armazenamento da energia excedente produzida ainda são economicamente inviáveis. O outro é que nem sempre se consegue produzir 100% da energia necessária para o prédio. “Quando você está utilizando a prioridade é consumir a energia que está produzindo, o relógio fica parado”, explica Lerer.
Enquanto há sol, os painéis produzem energia ininterruptamente, mesmo se nada na casa estiver ligado. Daí tudo será compartilhado na rede. Mas quando você voltar a usar a energia, mesmo que o tempo esteja nublado ou chuvoso, o sistema entende que você tem um excedente e só passará a cobrar pelo fornecimento quando ele acabar. “Quando chega no final do mês, a concessionária mede dois números – tudo que você consumiu e o que gerou – e vai abater do seu consumo”, explica.
Assim, é possível que se pague muito pouco. E nos casos em que se consegue produzir mais do que se consome, além de só ter que pagar a taxa de iluminação pública, ganha-se créditos de energia que podem ser usados em até cinco anos. Outra vantagem destacada por Lerer é que se escapa dos grandes crescimentos no custo da energia. “Se vai ter um aumento de 16% de energia e você consegue produzir 90% do que consome, a sua alta vai ser mínima. Para as empresas, principalmente, essas oscilações de preços fazem uma diferença enorme”, pontua.