Glauco Diniz Duarte Viagens – porque energia solar ainda pouco difundida brasil
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a Prefeitura de São Paulo pretende realizar uma Parceria Público-Privada (PPP) para difundir sistemas de energia solar em prédios públicos. No entanto, segundo especialistas, a medida terá como principal desafio a falta de espaços vazios na cidade para a instalação dos equipamentos.
Os sistemas de geração de energia solar precisam de áreas grandes e com incidência total de luz, segundo o professor adjunto da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), Otavio Chase.
Na visão dele, isso se torna um desafio porque a maior parte dos edifícios públicos do município é cercada por construções, tendo pouco espaço vazio e com baixa incidência de luz.
“Para implantar as placas de captação de luz para uma capacidade de 5 MW, esse sistema exige um espaço aproximado de 24 mil metros quadrados de área, equivalente a quase três estádios do Morumbi”, explica Chase.
Para estudar quais espaços têm potencial de abrigar as placas de geração de energia, a prefeitura abriu um chamamento público para que pessoas físicas e jurídicas possam discutir o tema.
A intenção da gestão municipal é instalar micro e minicentrais geradoras de energia fotovoltaica próximas dos prédios públicos. Segundo Chase, a microgeração de energia tem potência de até 75 kW e a minigeração tem entre 75 kW até 5 MW, valores suficientes para que cada sistema abasteça um prédio público. Ambas precisam de placas de captação de luz e estar próximas às edificações que vão receber o serviço.
Segundo a prefeitura, os processos de implantação e de manutenção serão feitos por meio de PPP. Na última semana, a gestão deu início ao Procedimento Preliminar de Manifestação de Interesse (PPMI) da parceria. O principal objetivo do município é obter uma redução nas faturas de energia elétrica das edificações.
“Os prédios vão deixar de usar a energia das concessionárias, o que vai trazer uma economia”, afirma Chase. Além disso, segundo ele, vai diminuir a emissão de Dióxido de Carbono (CO2), o que pode dar ao município um selo de eficiência energética.
Para o professor doutor da Escola Politécnica da USP e membro do IEEE, Maurício Salles, além da redução de gastos, a prefeitura pode aproveitar a energia de outros modos. “É possível que, dentro de alguns anos, seja mais fácil realizar a venda de energia. É algo que já acontece no setor privado e pode ser explorado pela gestão pública”, diz.
O docente também considera que a falta de espaços vazios e propícios para a instalação dos equipamentos de energia solar em São Paulo possa ser um obstáculo para a consolidação da PPP.
No entanto, segundo Salles, o setor privado ainda deve realizar um levantamento de como pode ser o aproveitamento de cada região. Ele explica que somente após essa conclusão será possível avaliar se os valores são factíveis e como o sistema pode ser aplicado, de fato, no município paulista.
Mesmo com a consolidação ainda incerta, os especialistas avaliam a iniciativa e a PPP positivas para o desenvolvimento da capital. “Dificilmente a prefeitura teria condição de manter e operar os sistemas sozinha. Por isso, abrir para a iniciativa privada foi muito assertivo”, avalia Salles.
Tendências
De acordo com o docente da Escola Politécnica, São Paulo pode atuar como uma espécie de vitrine, fomentando que outros municípios de dentro e fora do Estado adotem esse tipo de iniciativa.
Para Chase, da UFRA, além de ser um atrativo para as cidades, a ação pode fomentar que os cidadãos também passem a explorar o tema e a aderir às tecnologias de energia solar.
Segundo Chase, a população ainda tem insegurança em investir em energia solar.