É verdade que o uso da energia solar na construção civil no Brasil ainda é bastante incipiente. No entanto, cada vez mais, essa fonte se destaca como opção limpa e renovável.
Isso ficou claro durante a 4ª edição do Construtalk, em Florianópolis. O evento sobre inovação e tecnologia na construção aconteceu em setembro de 2018.
Na ocasião, Andrigo Filippo Antoniolli, apresentou um panorama do uso de energias renováveis no setor da construção civil.
Antoniolli é pesquisador e doutorando do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Estima-se que em 2030, um décimo da energia elétrica consumida no Brasil será fotovoltaica.
Construção civil é grande consumidora de energia
Você sabia que a construção civil responde por mais de 50% do consumo de energia elétrica nacional? Os dados informados estão disponíveis no Anuário de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de 2017.
Assim, de acordo com o relatório, desde a fase de projeto e também durante a vida útil da edificação, os gastos com energia são enormes. Dessa maneira, é urgente fazer investimentos em fontes de energia limpa. Afinal, também fazem parte de uma estratégia completa de busca por redução de custos.
Como podemos ver, o contexto energético mostra que geradores convencionais de energia apresentam maiores gastos com operação, manutenção e infraestrutura de transmissão. Isso sem contar o impacto mais intenso sobre o meio ambiente. Este ocorre mesmo quando a matriz energética é baseada em usinas hidrelétricas, como é o caso de países como o Brasil.
Em contrapartida, a depender do projeto, um gerador fotovoltaico pode totalmente ser integrado à edificação. Além disso, a energia solar é limpa e conta com geração de energia distribuída junto ao ponto de consumo. Dessa maneira, dispensa as longas linhas de transmissão necessárias quando a geração se dá longe do ponto de consumo.
O sistema de energia solar fotovoltaica é baseado na conversão direta da luz em eletricidade, o chamado efeito fotovoltaico.
Energia solar na construção civil
Como ponto positivo à tendência, o Brasil ostenta um dos maiores potenciais de geração de energia fotovoltaica do mundo, próximo a 28 mil gigawatts. Na prática, isso significa mais de 200 vezes toda a potência da rede elétrica atual. Os dados informados nesse texto são da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Logo, em comparação a muitos países europeus, o Brasil possui uma boa uniformidade de irradiação diária de sol.
Afinal, é alta a incidência de sol em todo o território brasileiro (4,25 kWh/m² a 6,30 kWh/m²), mesmo em grandes centros, o que é excelente para que esse tipo de tecnologia se desenvolva e seja possível usar cada vez mais energia solar na construção civil.
Além disso, há uma série de aplicações de energia solar na construção civil que podem ser desenvolvidas e exploradas para reduzir os custos e os impactos da demanda por eletricidade no setor.
E uma boa notícia é que elas podem se dar, inclusive, em muitas das edificações já existentes.
Isso porque os sistemas aplicados BAPV (Building applied PV system) podem ser aplicados sobre a estrutura de uma edificação já existente.
Já os sistemas integrados BIPV (Building integrated PV system) podem substituir um material de vedação. Ou seja, é possível que sejam usados como elemento construtivo na edificação. Isso pode ser economicamente mais atrativo, pois o material fará parte do envelope construtivo. Assim, em casos como esses, a energia solar na construção civil entra com os painéis fotovoltaicos substituindo, por exemplo, telhas ou até mesmo os elementos de uma fachada ventilada.
Como funcionam as edificações de Energia Positiva
Muito mais do que apenas ajudar a reduzir a dependência da rede elétrica da concessionária, a energia solar na construção civil pode permitir sonhar mais alto.
Afinal, quando a integração fotovoltaica é possível de ser feita numa edificação, com uso de energia solar na construção civil, pode-se pensar em Edifícios de Energia Zero (Zero Energy Building).
Dessa maneira, num caso como esses, a conta final ficaria dessa maneira:
ENERGIA GERADA – ENERGIA CONSUMIDA = ZERO (base anual)
Nesse caso, o edifício seria totalmente sustentável e não demandaria energia elétrica da rede da concessionária. Com isso, o custo com energia elétrica na edificação seria igual a zero.
Mas a situação de um edifício concebido desde o início para a plena utilização de energia solar na construção civil pode ser ainda melhor.
Isso porque se o balanço anual for maior que zero, a edificação passa a ser um Energy-plus Building (Edificação de Energia Positiva). Isso significa que o uso de energia solar na construção civil, num caso como esse, permitiria à edificação se sustentar completamente. Mais do que isso, fornecer eletricidade para a rede.