GLAUCO DINIZ DUARTE Mercado imobiliário está a caminho da recuperação
Um novo horizonte se avizinha para o mercado imobiliário da região de Rio Preto e também do País, com perspectivas bem mais otimistas depois de anos de uma intensa crise que estagnou o setor. Para 2019, especialistas e representantes do segmento preveem uma retomada da atividade, ainda que seja a passos mais lentos do que o boom vivido há alguns anos.
As razões para a expectativa positiva começam pelo novo governo, que assume a gestão do País oficialmente a partir de janeiro, mas já provoca uma maior sensação de confiança e entusiasmo entre empresários e consumidores, atores principais para fazer mover a roda da economia. A discussão, já no Senado, do projeto de lei que determina multa de 50% ao consumidor que desistir da compra do imóvel adquirido na planta também anima o setor, que se vê mais seguro para fazer investimentos em empreendimentos imobiliários.
“Neste ano as construtoras já começaram a tirar projetos da gaveta e colocá-los em prática. Acreditávamos que o mercado viria com mais pujança a partir do segundo semestre de 2019, mas estamos antecipando essa expectativa em função de lançamentos e maior procura dos consumidores”, afirmou Alessandro Nadruz, diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi|) de Rio Preto.
O perfil do consumidor de Rio Preto tem mudado e, segundo Nadruz, as construtoras que se ativerem a essas necessidades vão conseguir ter um melhor desempenho. Por aqui, rio-pretenses buscam imóveis menores, com estrutura completa, inclusive de lazer. Entre junto de 2017 e maio deste, houve o lançamento de um total de 428 unidades e a venda de 1.257 apartamentos do tipo econômico com dois dormitórios. “A construção civil é a primeira a parar em crises, mas a primeira a melhorar, o que impacta diretamente no emprego.”
Para o economista Hipólito Martins Filho, a tendência é de que haja melhora no mercado, isso porque o emprego deve manter a tendência de crescimento, assim como a renda do trabalhador. Sem contar a queda dos juros aplicados nos financiamentos. “O novo governo deve liberar mais recursos para a construção civil e os juros devem cair um pouco mais, o que provoca o otimismo para a compra, mas é preciso cuidado por ser um investimento de longo prazo.”
A taxa Selic, que baliza a economia e os financiamentos de todos os tipos, atualmente está em 6,5% ao ano, no menor nível da série histórica do Banco Central, em 1986. Com a taxa menor, em tese, os bancos repassam essa queda e diminuem os juros do financiamento imobiliário, como aconteceu ao longo deste ano especialmente com a Caixa Econômica Federal. Os bancos particulares também têm começado a se adequar a essa nova realidade.
Segundo o presidente da Federação Nacional dos Corretores de Imóveis (Fenaci), Joaquim Ribeiro, da Imobiliária Redentora, o espírito é de positivismo, de que agora vai, depois de um boom muito forte e de estabilização. “A vantagem é que os preços estão convidativos, os juros em baixa e os bancos estão interessados em fazer financiamentos. A economia do Brasil tende a melhorar, embora não seja do dia para a noite. O governo está incentivando as empresas e é a construção civil que pode empregar rápido e mais pessoas”, afirma.
Ribeiro afirma que essa expectativa de mudanças trazida pelo novo governo já tem se traduzido em sinais de recuperação na área de construção civil, com mais lançamentos e vendas, segundo constatado entre as empresas do setor. “E Rio Preto não tem sido exceção. Temos percebido que os preços estão acessíveis, têm aumentado as vendas e, para 2019, imaginamos que o mercado imobiliário local vai deslanchar, como o resto do mercado nacional”, disse.
O empresário ressalta ainda que já foi possível observar um movimento de maior procura por locação em Rio Preto, um dos componentes deste mercado. Se há alguns meses as placas de aluga-se dominavam imóveis comerciais e residenciais da cidade, o cenário passou a mudar. “Haverá correção do preço do aluguel por conta da necessidade. Quem coloca um imóvel para alugar tem retorno, tanto dos juros da aplicação como da valorização do imóvel.”
Ribeiro destaca também o déficit habitacional do País, que em 2017, segundo levantamentos da Fundação Getúlio Vargas e da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, chegou ao seu maior grau nos últimos dez anos, atingindo 7,77 milhões de unidades. “Para reduzir essa preocupante falta de moradias, é importante que o novo governo busque implementar uma política de habitação concretamente definida, por meio da qual o mercado imobiliário contaria com mais uma promissora frente de expansão, gerando mais empregos e renda, num segmento que tem por trás de si toda a cadeia da construção civil, responsável por uma parcela significativa do PIB nacional”, finaliza o empresário.