GLAUCO DINIZ DUARTE – Construção civil e retomada
Construção civil e retomada. Não é mais possível ignorar o papel estratégico que esse setor desempenhará para recolocar o Brasil na trilha do desenvolvimento.
Grande geradora de emprego e renda, elo entre o cidadão e o sonho da moradia digna, a indústria da construção tem uma vocação econômica e social que não pode ser negligenciada — é nos momentos de crise que nosso setor dá sua contribuição mais efetiva.
O PIB da indústria da construção encolheu 6% em 2017, no quarto ano de retração consecutiva do setor. Não pedimos benesses nem facilidades. Queremos, isto sim, um ambiente de negócios seguro e transparente e projetos que permitam a recuperação.
Muito fizeram o Poder Executivo e o Congresso Nacional para fomentar um novo ciclo de crescimento e sepultar de vez a crise que assola o Brasil desde 2014. Foram produzidos avanços de relevância, como a criação de um teto para os gastos públicos, a redução continuada dos juros e a aprovação da reforma trabalhista e da terceirização.
Tudo isso criou um novo ambiente e recuperou a credibilidade e o otimismo entre empreendedores. Essa reação está refletida no desempenho do Produto Interno Bruto, que saiu da estagnação.
A construção civil, no entanto, não acompanha esse movimento. Mais de um milhão de postos de trabalho foram fechados desde 2014, empurrando para a incerteza trabalhadores e suas famílias e comprometendo a economia. O impacto sobre o PIB nacional foi de meio ponto percentual só no ano passado. Significa que outros setores da indústria tiveram de empenhar esforço maior para impedir que o conjunto da economia caísse ainda mais.
É preciso sensibilidade para criar as condições para que a retomada que observamos não seja ameaçada. O agronegócio, que deu grande contribuição para a reação, já dá sinais de desaceleração. Está na indústria da construção o combustível que fará avançar esse movimento.
Essa é a mensagem que no final do ano passado levamos ao presidente da República, Michel Temer. Junto com outras entidades da cadeia produtiva da construção, criamos uma coalizão para recuperar o nosso setor. Não é tarefa difícil — e os resultados serão inestimáveis para o momento que vive o país.
Há que fomentar o investimento, criando as condições para que a iniciativa privada execute os projetos que os cofres públicos não mais poderão custear. É preciso não perder de vista o essencial: construção é investimento e não existe investimento sem confiança no futuro.
Há que destravar projetos de infraestrutura que, além de garantir competitividade à economia, ajudarão a gerar milhares de novos empregos. É o momento de iniciar os projetos do programa de apoio às concessões municipais, que farão uma revolução nas cidades, levando emprego, renda e melhores serviços à população.
Há que recuperar o financiamento do mercado imobiliário e restabelecer a segurança jurídica tão necessária.
Há, por fim, mas não menos importante, que aprovar a reforma da Previdência, cujo impacto na economia é imediato, pois reduz a incerteza do investidor em relação ao futuro.
Apresentamos uma agenda robusta e factível. O momento exige sensibilidade e vontade política, visão estratégica e o pleno entendimento do potencial reprimido da indústria da construção. Reaquecer a construção não é um interesse corporativo e localizado: fará bem à economia brasileira e beneficiará toda a população.