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KYOTO

Glauco Diniz Duarte

Glauco Diniz Duarte diz que se Tóquio é o centro do poder político e econômico japonês, Kyoto é a alma e a essência da cultura japonesa. Da meditação zen à cerimônia do chá, da arquitetura refinada às gueixas finamente vestidas em quimonos de seda, a antiga capital é o bastião das tradições mais caras ao povo japonês. Dezenas de maravilhosos templos budistas e santuários xintoístas espalham-se pela cidade, alguns cênicos como o Kyomizudera, outros singelos como o pavilhão dourado Kinkakuji e alguns poucos espartanos como o jardim de pedra de Ryoanji. Esse impressionante conjunto valeu à cidade a inclusão na lista de patrimônios da humanidade da Unesco.

Capital do Japão por séculos, Kyoto abriga não só um dos palácios imperiais do Japão (o outro está em Tóquio), mas também joias arquitetônicas como a bucólica vila imperial de Katsura Rikyu e o castelo Nijo, onde os xoguns – os generais que detinham o poder de fato -, lançavam ordens para seus vassalos por todo arquipélago. A cidade também sedia três dos mais animados e coloridos festivais do país, os ‘matsuris’ Aoi (maio), Gion (julho) e Jidai (outubro) quando milhares de pessoas vestem-se com indumentárias tradicionais e desfilam pelas ruas e templos da cidade.

Uma das experiências fundamentais para o visitante de Kyoto é hospedar-se nos tradicionais ryokans, dormindo sobre futons em esteiras de tatami. Eles são a quintessência da hotelaria nipônica e aqui você encontrará alguns dos melhores de todo o país. A grande maioria deles serve o kaiseki, um banquete com uma elaborada sequência de pratos que se distinguem por seu sabor, ingredientes, formas de preparo e apresentação. Os menus são sazonais, com sabores ora delicados, ora pujantes.

EXPERIÊNCIAS OBRIGATÓRIAS
– Visitar os templos na região de Higashiyama: o Kiyomizudera, o Sanjusangendo e o Chio-in estão entre os melhores;
– Na mesma área, não deixe de fazer comprinhas nas ladeiras Ninenzaka e Sannenzaka;
– Conheça o Castelo Nijo. Entre as propriedades imperiais, a melhor é o Palácio Katsura Rikyu;
– Hospedar-se em um tradicional hotel ryokan e esbaldar-se com um baquete estilo kaiseki ryori;
– No distrito de Nakagyo há dois passeios bem pitorescos: o mercado Nishiki, repleto de lojas de utensílios de cozinha e comidinhas, e a ruela Pontocho, cheia de bares, um dos centros da boemia de Kyoto.

Kyoto é uma cidade enganosamente simples em sua orientação. A cidade é razoavelmente grande e suas atrações estão espalhadas em toda a mancha urbana. Todo o centro possui um formato em grade, com ruas paralelas. Nesta parte da cidade estão atrações importantes como o Castelo Nijo, o Palácio Imperial e os dois templos budistas Honganji.

Todavia, outros locais de grande interessante estão nas beiras desse tabuleiro, em bairros com ruas estreitas e tortuosas. Nada que um bom mapa não resolva, porém. A leste está a montanha Higashiyama, em cujos arredores estão os templos Kiyomizudera, Sanjusangendo e Ginkakuji, além do poético passeio Caminho do Filósofo. À nordeste, numa área mais complicada de acesso, estão outros destinos top, o jardim de pedras de Ryoanji e o pavilhão de ouro Kinkakuji. Ou seja, o transporte público é essencial para se ter uma boa experiência na cidade.

Há várias linhas de trens urbanos e metrô. Todas são razoavelmente bem sinalizadas em inglês. As companhias Keihan, JR, Hankyu e Keifuku cruzam a cidade em diferentes direções, enquanto que as duas linhas de metrô (Tozai e Karasuma) têm utilidade limitada, cobrindo trechos de leste a oeste e norte a sul.
Já os ônibus são boas alternativas para conhecer o setor noroeste da cidade, para alcançar o Ryoanji e o Kinkakuji. Há boa sinalização em inglês, com displays eletrônicos indicando a próxima parada. Cada viagem custa ¥220, com cartões de um dia saindo a ¥1200, válidos para viagens ilimitadas, também para o metrô. Para uma melhor orientação, solicite em seu hotel um mapa com as linhas de ônibus existentes.

A maioria dos hotéis turísticos (que também servem os viajantes a negócios) fica no entorno da estação JR Kyoto. Estabelecimentos mais tradicionais, com serviço, culinária e infraestrutura impecáveis podem ser encontrados em setores na montanha Higashiyama e no bairro de Gion.

Como uma das principais cidades turísticas do Japão, as diárias aqui são relativamente mais caras que no resto do pais e a procura por quartos é bem alta. Se você planeja uma visita entre março e abril, período de florescimento das cerejeiras, ou em outubro/novembro, época das folhagens de outono, planeje-se com antecedência.

A cidade oferece uma ampla variedade de tipos de estalagem, de albergues despretensiosos e baratos a hotéis de quatro e cinco estrelas com todas as mordomias esperadas por um turista ocidental — café da manhã, internet, serviço de quarto, canais de TV como CNN e ESPN e ar condicionado. No entanto, se quiser ter uma noite no melhor estilo japonês, gaste um pouco mais de dinheiro e invista em um ryokan, hospedagens onde você dorme sobre futons e tatamis e pode provar o melhor da gastronomia local. Vale cada centavo.

Como principal bastião da cultura japonesa, Kyoto é o local onde se prova boa parte do melhor da gastronomia tradicional japonesa. Aqui e ali você encontrará boas casas de sushi — aliás, uma invenção de Tóquio –, mas são doces refinados, alguns dos melhores chás do país e, principalmente, os banquetes do tipo kaiseki que farão sua experiência inesquecível. Bons restaurantes necessitam reservas com antecedência. Infelizmente muitas das melhores casas não estão preparadas para receber o turista estrangeiro, pois são pequenas e bem familiares.

Se o seu paladar procurar por sabores mais reconhecíveis, aqui não faltam porém restaurantes, bares e lanchonetes com pratos ocidentais.

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