Glauco Diniz Duarte diz que poucas experiências de viagem podem se comparar a ver o dia nascer em Jerusalém. O silêncio nas encostas do Monte das Oliveiras logo é tomado pelo furor do trânsito, os chamados dos muezzins e os cânticos de bar-mitzvá no Muro Ocidental. A cidade antes coberta pela noite fria agora tinge-se de tons pastéis, com o sol iluminando de forma esplendorosa o azul e dourado do Domo da Rocha e as grandes muralhas da Cidade Velha. Dentro dela, os labirínticos mercados já estão lotados, enquanto que preces e lágrimas transformam a atmosfera ao longo da Via Crúcis e da Igreja do Santo Sepulcro. Junto ao Portão de Jaffa, o vendedor árabe de falafel divide a calçada com padres franciscanos que batem papo com um senhor de quipá levando seus filhos para a escola.
Cristãos ortodoxos, evangélicos e coptas, judeus etíopes e sefarditas, muçulmanos sunitas, palestinos e israelenses. Não importa seu credo ou nacionalidade, essa é uma terra universal, disputada e fascinante. Israel, Cisjordânia ou Palestina, boa parte das origens da civilização ocidental nasceu nestas paragens. Aqui os nomes dos lugares são bem conhecidos: Monte Sião, Getsêmani, Al-Aqsa, a Cidadela de Davi. Cada passo dado, cada referência lida é pura história, a história de todos nós. Esta é uma saga que vem desde os tempos em que o rei-pastor Davi aqui estabeleceu sua capital, sendo seguido por homens como Salomão, Herodes e Saladino, que em Jerusalém transcederam os fatos para tornarem-se mito. Junto às suas muralhas o grande templo foi saqueado, Jesus crucificado e Maomé ascendeu aos céus, uma verdadeira torrente de acontecimentos que criaram tanto conflito na terra de Deus. Jerusalém provoca reflexões, marca seus visitantes.
A Cidade Velha, dividida entre os bairros judeu, árabe, cristão e armênio, concentra a maior parte das atrações – quase todas de cunho religioso, enquanto que no moderno entorno estão os melhores hotéis e restaurantes, museus e serviços práticos como rodoviárias, grandes bancos e centros de compras. Dentro das muralhas você encontrará os muitos corredores do mercado e também várias opções de compras e restaurantes.
Jerusalém está muito próxima a cidades turísticas como Ein Gedi e Belém. Todavia, quando estas encontram-se em setores palestinos, um viagem pode se tornar uma tortura. Estradas livres em um dia podem aparecer repletas de bloqueios militares e, de repente, seu passeio será cancelado. Outra informação importante: os terminais rodoviários mudam dependendo do destino. Se for para destinos na Palestina (como Belém), você deverá ir à Rodoviária Árabe, próxima ao Portão de Damasco. Cidades no setor judeu são servidas pelo Terminal Rodoviário Central, em Jerusalém Ocidental. Aqui tudo é mais organizado e claro, apesar de muita sinalização estar presente apenas em hebraico.
Jerusalém possui várias opções de hospedagem. Dentro da Cidade Velha os hotéis e pousadas costumam ser mais simples, quase monásticas até, mas valem pela ótima localização, bons preços e atmosfera peculiar. Alguns deles costumam ser frequentados por mochileiros e peregrinos. Fora dos muros você ficar na casa de famílias ou em hotéis comuns, alguns luxuosos, outros bem simples. Como a grande maioria das atrações turísticas fica dentro da Cidade Velha, vale a pena ficar hospedado próximo aos muros.
Há muitas boas alternativas para comer em Jerusalém. Boa parte das casas oferece pratos conhecidos por brasileiros por conta da cozinha árabe. O falafel no pão pita e o shawarma de cordeiro (o nosso conhecido churrasquinho grego) são pratos fáceis de encontrar e substituem bem um almoço nos dias mais quentes. Restaurantes kosher são obviamente fáceis de encontrar, assim como os de especialidades árabes.