Vamos falar a verdade: que outro complexo urbano do mundo consegue manter a unidade mesmo estando espalhado por 118 ilhotas banhadas por pequenos canais, e com mais de 400 pontes? E que outro lugar ostenta tantas obras-primas da arquitetura e da arte em tão pouco espaço?
Glauco Diniz Duarte conta que a geografia labiríntica de Veneza – cuidado mesmo para não se perder! – surgiu durante as invasões bárbaras, intensificadas nos séculos 5 e 6, quando habitantes de povoados do Vêneto e de regiões vizinhas eram forçados a fugir para onde desse, inclusive para essas pequenas ilhas. Novas comunidades insulares foram se formando, e por volta do século 10 Veneza já era uma força comercial que se espalhara pelo Mediterrâneo, conquistando territórios que se estenderam até a Grécia.
Tal poder propiciou também o desenvolvimento cultural e arquitetônico da cidade, que se transformaria em perfeito museu ao ar livre, romântico em um nível quase inimaginável e que atrai a visita de multidões de turistas a cada ano. Sobretudo no verão, é difícil escapar de filas ou congestionamento de pedestres entre os bequinhos, praças e vielas repartidos pelos seis sestieri (distritos) da cidade. A Piazza San Marco, o Canal Grande, a Ponte Rialto são disputados por muitos o ano todo. Mesmo lotada, porém, Veneza é inesquecível.
A melhor forma de conhecer Veneza é a pé. Portanto, esteja em boa forma física para enfrentar as ruelas e canais da cidade. Uma forma fundamental de transporte público são o vaporetto, uma espécie de ônibus-barco. A linha mais importante é a de número 1 (que percorre todo Grand Canal). Se for conhecer os distritos de Torcello, Murano e Burano, utilize as linhas LN, 41 e 42 que partem da Fondamente Nuove, em Cannaregio, ao norte da estação ferroviária. Os tíquetes são vendidos em máquinas automáticas ou dentro dos próprios veículos. Se fizer várias viagens e seu hotel não oferecer serviço de traslado, vale a pena pensar em adquirir bilhetes válidos para 12, 24, 48 e 72 horas.
Uma opção bem mais cara, mas rápida e conveniente, são os táxis aquáticos, que vão direto ao aeroporto.
Para atravessar o Grand Canal nas áreas longe das poucas pontes disponíveis, utilize o traghetto, uma gôndola pública. Custa apenas alguns poucos centavos de euro e o embarque e desembarque é feito em píeres demarcados.
Veneza é um labirinto de pequenos e grandes canais espalhados pela laguna no nordeste da Itália. Aqui você encontrará grandes museus como o Accademia, o Ca’Rezzonico, o Peggy Guggenheim ou o Punta della Dogana. O destaque, porém, está mesmo no entorno da Piazza San Marco, com sua magnífica basílica, o farol-campanário e o Palazzo Ducale, o elegante edifício dos poderosos doges da República Veneziana. Não perca também bons passeios a pé em Dorsoduro, Murano, Burano e na pequena San Giorgio Maggiore. Ah, e claro, um passeio de gôndola.
Quartos em Veneza são bem caros. Mas tenha optado por uma simples pensão ou um palacete, leve em consideração como chegar até lá. Os melhores estabelecimentos disponibilizam embarcações que farão a ponte entre a estação ferroviária, o estacionamento ou o aeroporto. Para os menos afortunados, vale a pena considerar ficar em um dos muitos hotéis no entorno da estação ferroviária, nos bairros de Santa Croce e Cannareggio. Isso evitará andar com bagagem para lá e para cá, embarcando e desembarcando dos vaporettos.
Você quer um lanchinho rápido, como pizza al taglio ou cicchetos, as tapas italianas? Veneza tem. Quer um jantar estrelado, com cozinha séria, serviço impecável e paisagem deslumbrante? Também tem. Basta um sorvete ou um simples expresso? Vai achar por toda cidade. O único senão será o preço. A cidade cobra caro de seus turistas, com valores exorbitantes. Casas como o Harry’s Bar e o Caffè Florian são famosos por oferecer receitas impecáveis como carpaccio, bellini e chocolate quente, mas quando a conta chega, muitos turistas sentem-se explorados.
Seja como for, não deixe de experimentar receitas clássicas do Vêneto, como os risotos risi e bisi e nero (negro, na tinta de sépia), o sarde in saor (escabeche de sardinha) e o chamativo antipasti veneziano, que traz azeitonas, anchovas marinadas e outros frutos do mar como o caranguejo granceola. E lembre-se que aqui no norte o arroz e a polenta sobressaem-se sobre as massas.